Você sabe elogiar de forma descritiva?

05/12/2022

Não há julgamento de valor mais importante para a pessoa, nem há fator mais decisivo para seu desenvolvimento psicológico e sua motivação, que a avaliação que faz de si própria.

Não há julgamento de valor mais importante para a pessoa, nem há fator mais decisivo para seu desenvolvimento psicológico e sua motivação, que a avaliação que faz de si própria. Uma das coisas mais gostosas da vida é receber um elogio sincero e em relação a algo que nos esforçamos para fazer. Pode vir de qualquer pessoa, a qualquer momento, e tem o poder de iluminar o nosso dia.

O elogio genuíno é uma troca de afeto poderosa e duradoura. Faz parte daquela corrente do bem: quando recebemos um elogio, sentimo-nos abastecidos e fica mais fácil passarmos essa energia boa para frente. O mesmo acontece com a crítica, só que a energia é contrária, pesada e ruim, mas também a passamos para frente se não prestamos atenção.

O elogio tem um poder curativo em nossa vida emocional, pois um elogio sobre algo do presente pode ajudar a curar feridas, mágoas e culpas antigas, ou até mesmo fortalecer para o futuro. E no mundo do trabalho, a falta de elogios bem-feitos pode causar a desmotivação e resultados piores!

Vamos entender como funciona nosso cérebro quando recebemos um elogio. Uma das estruturas de nosso cérebro é o corpo estriado, que tem papel importante na preparação, sequenciamento e execução de programas motores, na regulação do tônus, da força muscular, da amplitude e velocidade do movimento. Esse mesmo corpo estriado também é ativado quando uma pessoa recebe alguma recompensa como dinheiro ou elogios. A Dopamina, denominada “molécula do prazer”, age diretamente no núcleo estriado. Então, nosso circuito de recompensa é ativado quando somos elogiados, o que por si só não é ruim, mas pode ser perigoso.

Um alerta: elogios vazios ou usados somente para enaltecer o ego podem viciar quem os recebe e causar um efeito oposto do desejado. É o exemplo de uma criança sempre elogiada como inteligente. Ela começa a ficar viciada nesse elogio e, após algum tempo, passa a não se desafiar muito por temer perder esse título de “inteligente” e não ser mais elogiada. Ou seja, o elogio disfuncional pode levá-la a resultados medíocres. Ao passo que, em contrapartida, uma criança que recebe o elogio por ser esforçada em determinadas atividades específicas terá cada vez mais vontade de se continuar a se esforçar e se desafiar, usando esses elogios funcionais como combustível, podendo inclusive obter resultados muito melhores do que a criança inteligente.

Se a autoestima e a autoconfiança de uma pessoa são tão importantes, então o que podemos fazer para elevá-las?

Não basta apenas elogiar, é preciso saber como fazê-lo!

O ELOGIO DESCRITIVO é feito em três partes e serve tanto para crianças como para adultos:

  1. Quem elogia descreve com apreciação o que vê e o que sente em relação à pessoa elogiada;
  2. Depois, resume em uma palavra o elogio merecido para gravar na mente de quem o recebe;
  3. A pessoa elogiada, após ouvir essa descrição, pode elogiar a si mesma!

Vamos a um exemplo! Um pai pede para seu filho arrumar seu quarto. Quando a criança termina, em vez de dizer apenas: “Parabéns por ter arrumado seu quarto!” (algo bem genérico), o pai pode:

  • Descrever o que ele vê: “Eu vejo um chão limpo, a cama arrumada e livros em ordem.” Descrever o que ele sente: “É um prazer entrar neste quarto!”
  • Resumir, em uma palavra, o elogio merecido: “Você guardou seus lápis do giz de cera em caixas separadas. Isto é o que eu chamo de ORGANIZAÇÃO!”
  • Em vez de dizer apenas: “Eu estou tão orgulhoso de você!”, terminar com: “Que realização! Você deve estar orgulhoso de você!”

Se é assim, vamos dar mais atenção a esse tipo de comportamento, pois, quando bem executado, faz bem a nós e às pessoas à nossa volta, principalmente em nossos relacionamentos mais próximos em família e no ambiente de trabalho.

E você, já elogiou alguém hoje de forma funcional? Não? Que tal começar, então?

Sim? Que bom!!! Bora continuar a praticar!

E para não perder a viagem, gostaria de te fazer um elogio:

Se chegou até aqui, é sinal de que você leu este artigo até o fim, então sinto que está disposta(o) a consumir conteúdos de qualidade para melhorar sua saúde emocional! Isso mostra que está sendo ESFORÇADA(O)! Espero que esteja muito orgulhosa(o) de você!

Agora vai lá e elogie alguém de forma descritiva, está bem?

Até a próxima!

Cuide-se bem, sempre!

 

Carina Roma é Psicóloga Clínica, Neuropsicóloga e Especialista em Dependências Tecnológicas. Atua há 16 anos como Psicoterapeuta de jovens e adultos e Orientadora de Pais e Educadores. Conta com mais de 10 mil horas de atendimento a clientes de mais de 10 países. É casada há mais de vinte anos e tem três filhos, dois deles biológicos que hoje são adolescentes – Artur e Henrique - e uma do coração, na verdade sua irmã Natália que tem Síndrome de Down, mas que é considerada como filha querida desde que passou aos seus cuidados. Seu principal foco de trabalho é ajudar a melhorar a saúde mental e emocional das pessoas na nova era digital.

 

Foto de Markus Spiske em Unsplash