Sentindo cansaço e irritação? Previna sobrecargas desnecessárias com práticas simples!

20/01/2023

O ano mal começou e você já sente cansaço e irritação? Entenda o que intensifica esses sentimentos e aprenda como desviar dessas situações.

O ano mal começou e você já está sentindo cansaço e irritação em boa parte de seus dias ou, pior ainda, constantemente? Nem terminamos o primeiro mês do ano e a queixa que mais ouvi em meu consultório até agora foi: “Já estou tão cansada(o) ou irritada(o), parece que o pouco que descansei não tem mais efeito algum sobre mim.”

Pensamentos repetitivos, excesso de preocupação, análises intermináveis antes de tomar uma decisão, escolhas passadas que voltam a atormentar - uma sociedade irritada, fatigada, estressada e sobrecarregada não pode ser o novo normal. Porém, parece que esses comportamentos estão se disseminando como pólvora em todas as classes sociais, em todas as idades, em todas as atividades educacionais e profissionais.

Esse assunto pede um olhar atencioso, carinhoso, aprofundado: que estilo de vida estamos construindo nessa nova sociedade digital? Nunca tivemos tantas facilidades na palma de nossas mãos, já que temos hoje aplicativos de todos os tipos e para toda e qualquer funcionalidade, o que pode nos poupar tempo e esforço mental. Porém, por outro lado, também estamos inserindo sobrecargas silenciosas em nosso dia a dia que, aos poucos, estão se acumulando e pesando demais.

Nossas sobrecargas podem ser divididas em dois tipos principais:

  • A sobrecarga mental vem do acúmulo das informações que adquirimos, dos pensamentos que geramos e das preocupações que cultivamos durante o dia. Ela gera cansaço físico e mental e aumenta respostas emocionais negativas como ansiedade em relação às atividades a fazer, por exemplo, ou exaustão ao imaginar os piores cenários em todas as decisões a tomar.
  • A sobrecarga emocional acontece quando as emoções assumem uma intensidade desproporcional ao fato vivido, dando a sensação de perda de controle e/ou fracasso. Da mesma forma que a mental, também gera sintomas físicos e emocionais, como dores físicas, estresse, medo, ansiedade e baixa autoestima.

Quais são os sinais mais frequentes de que já estamos extrapolando nossos limites mentais e emocionais e de que precisamos de ajuda para aprender a deixar de lado o que está nos fazendo mal?

Sintomas físicos: cansaço constante, tensão muscular, problemas digestivos, alterações do sono, mudanças repentinas de peso ou mudanças no apetite, pressão no peito, choro, aumento do ritmo do batimento cardíaco, dores aleatórias pelo corpo, suor frio, piora do sistema imunológico, dor de cabeça, alergias de pele, bruxismo, entre tantos outros.

Sintomas emocionais: falta de motivação, desânimo e apatia, raiva, angústia, medo, falhas de atenção e dificuldades de concentração, perda do prazer, ansiedade, falta de paciência,  desamor, desvalor, vontade de se comparar com os outros, querer ser produtivo o tempo todo, falta de propósitos significativos, não estar conectado com o momento presente, reação muito intensa a situações cotidianas, desesperança, desconexão nos relacionamentos e por aí vai.

 

Então, o que podemos fazer para evitar a sobrecarga? Como desviar dos excessos negativos?  Como praticar a leveza? Algumas estratégias:

  1. Consumir menos conteúdo: terminar ou começar o dia plugado nas notícias ou nas redes sociais consome energia vital, espaço em sua mente e te faz perder tempo de vida. Limite o tempo de uso de eletrônicos apenas para o estritamente necessário, use a tecnologia de forma saudável.
  2. Criar rotina estruturada e plausível, aprendendo a priorizar: planeje minimamente seu dia no dia anterior, elegendo e escrevendo quais serão suas ações inegociáveis (sua prioridade maior), incluindo os cuidados com suas saúdes e seus relacionamentos além de estudo e trabalho. Sem priorização, perdemos tempo precioso que vira tempo ocioso. Ficar no celular não relaxa, sobrecarrega a mente e as emoções.
  3. Tentar fazer uma tarefa por vez: o conceito de multitarefa está cada vez mais perdendo terreno diante das descobertas de como nosso cérebro melhor funciona. Submeter a mente a várias tarefas ao mesmo tempo dificulta os processos atencionais e de concentração, aumentam as chances de erros e de retrabalho, diminuem a satisfação e nos faz perder tempo em vez de ganhar. Multitarefa é pura sobrecarga mental e emocional, não vale a pena.
  4. Ester presente de fato: a vida só acontece agora, isso soa clichê, mas é a mais pura verdade. Desconecte-se um pouco das telas e se conecte nas pessoas que ama, na natureza, na vida! Nunca perca uma oportunidade de escutar, de sorrir, de abraçar, de conversar, de amar.
  5. Cuidar de sua saúde física: hidratação, alimentação saudável, exercícios físicos e boa noite de sono são itens inegociáveis. Faça a higiene do sono e deixe as telas enquanto faz cada uma dessas atividades de cuidado físico com você.
  6. Atentar-se para sua saúde mental/emocional: pratique várias pausas no meio do dia, faça terapia se for preciso, busque ajuda, leia muito, leia mais ainda (quanto mais ficamos em telas, mais desaprendemos a ler, função primordial do nosso cérebro para aprendizados profundos e significativos), aprenda a conversar e expor o que sente, trabalhe sua comunicação de forma assertiva, liberte-se dos medos, cultive bons sentimentos, relaxe e tenha um lazer longe das telas, aprenda a fazer enfrentamentos positivos, a se autorregular, a se autorrealizar!
  7. Fortalecer sua saúde espiritual: essa saúde dá base às outras, proporciona seu sentido de vida, de propósito, com ou sem uma religião específica. Só se pode ficar bem frente à falta de controle que todos nós temos diante da vida (cá estamos e não sabemos até quando, não é mesmo?) com o cultivo de princípios firmes, crenças positivas e abertura e aceitação ao que é maior que nós mesmos.

É possível fazer tudo isso sem se sobrecarregar? Sim! Cuidando de um ponto por vez, com amor. Mudanças simples de hábito fazem uma diferença enorme.

Espero que essas informações possam te ajudar a buscar alternativas para a conquista de um 2023 com mais leveza a você e aos seus!

Até a próxima!

Cuide-se bem, sempre!

 

Carina Roma é Psicóloga Clínica, Neuropsicóloga e Especialista em Dependências Tecnológicas. Atua há 16 anos como Psicoterapeuta de jovens e adultos e Orientadora de Pais e Educadores. Conta com mais de 10 mil horas de atendimento a clientes de mais de 10 países. É casada há mais de vinte anos e tem três filhos, dois deles biológicos que hoje são adolescentes – Artur e Henrique - e uma do coração, na verdade sua irmã Natália que tem Síndrome de Down, mas que é considerada como filha querida desde que passou aos seus cuidados. Seu principal foco de trabalho é ajudar a melhorar a saúde mental e emocional das pessoas na nova era digital.

 

Foto de Kelly Sikkema na Unsplash