Phubbing - Será que você está sofrendo disso???

02/05/2022

Entenda o comportamento que leva uma pessoa a ignorar as outras ao seu redor por ficar focada em seu celular.

Imagine a seguinte situação: você está junto a um familiar ou amigo mas, sempre que você tenta falar com essa pessoa, ela até responde, porém olhando para o celular, rolando a tela ou até mesmo teclando...

Isso tem nome e deve ser evitado: phubbing.

O termo phubbing, formado pela união das palavras “phone” (telefone) e “snubbing” (esnobar), é usado para descrever o comportamento de uma pessoa que ignora as outras ao seu redor por ficar focado em seu celular.

Mais do que falta de educação e respeito, esse comportamento de a pessoa usar o celular enquanto estamos falando com ela pode ser um indicador de que o “celular” está mandando nela, em vez de ela conseguir “mandar” no celular. Infelizmente, hoje em dia essa prática está se tornando cada vez mais comum, mas não é por isso que deve ser aceita.

Em todos os lugares observamos pessoas conectadas. Já está em voga o conceito ONLIFE, em que não há diferenciação entre o mundo analógico e o digital, que hibridiza os mundos biológico, físico e digital, hiperconectando-nos em todas as áreas.

Claro que é possível interagir com as pessoas à nossa volta e às online ao mesmo. Porém, parece que a maior parte dos casos de phubbing ocorrem enquanto a pessoa está vendo vídeos que podem ser pausados, ou redes sociais que devem ser menos importantes em comparação com alguém que lhe dirige a palavra. A impressão que dá é que quem pratica o phubbing está tentando pausar o interlocutor em vez de pausar a tela.

Para quem gosta de ficar horas online, o fato de ficar colado na tela, embora não seja saudável, dá uma sensação agradável. Ali se pode saber de todas as novidades, assistir vídeos, jogar, trabalhar, conversar com amigos. No entanto, quando estamos com outras pessoas presencialmente, o presencial deve prevalecer.

Se esse comportamento do phubbing é exagerado, pode estar chamando a atenção para a existência de alguma instabilidade emocional. Quando a pessoa não consegue mais apreciar o momento com os outros, preferindo ficar sozinha e online, pode ser sinal de que está “fugindo” de algo em sua vida offline e certamente não desenvolverá capacidades de relacionamento que só o cara-a-cara permite.

Lembre-se: é importante valorizar mais os contatos pessoais. Todos merecem e gostam de atenção, de carinho, de consideração, de respeito. E o mais importante de tudo: nossas crianças e jovens aprendem pelo exemplo. Então, se nos veem praticando o phubbing, facilmente o farão também.

Algumas dicas para evitar de fazer o phubbing:

Enquanto estiver presencialmente com pessoas conversando entre si e com você:

  1. Deixe o telefone dentro da bolsa, do bolso, fora de seu olhar, apenas com o som ativado, pois se houver alguma emergência, você ouvirá o toque da ligação;
  2. Se tiver notificações das redes sociais, desative-as. Na verdade, o ideal é não ter notificação nenhuma em tempo algum, ou somente uma ou outra da família ou do trabalho que seja imprescindível, senão será o celular “mandando” em você e não o contrário;
  3. Mantenha seu foco de atenção nas pessoas e nas conversas;
  4. Se, em algum momento, acontecer aquele silêncio desconfortável, fique tranquilo e bem, espere, aguarde. Não é saudável termos que falar o tempo o todo. Segure o ímpeto de pegar seu celular.

E se for você que estiver sofrendo o phubbing, como agir?

  1. Tente retomar a conversa tranquilamente. Às vezes, infelizmente, as pessoas nem percebem que te deixaram no vácuo de tão imersas que estão em suas telas;
  2. Se é algo que acontece frequentemente, tente perguntar de forma sutil se a pessoa sabe o que é phubbing e explique;
  3. Se é algo recorrente com pessoas de sua intimidade, vale um bom feedback assertivo, uma conversa franca, expondo seu sentimento de se sentir com menos valor que o celular e pedindo para que a pessoa o largue antes de conversarem, da próxima vez.

Novas realidades trazem novos comportamentos que criam, por sua vez, novas compulsões e hábitos positivos e negativos. Não há dúvida de que o phubbing está se tornando um hábito negativo, até mesmo uma compulsão ou um vício para muitos.

Então, estejamos atentos para não entrarmos nesse tipo de comportamento e para educarmos nossas crianças e jovens para não fazerem isso também.

Atenção é um dos alimentos emocionais mais importantes que existem. Que possamos nos nutrir e nutrir as pessoas que chegam até nós com ela.

Até a próxima!
Cuide-se bem, sempre!

 

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Carina Roma é Psicóloga Clínica, Neuropsicóloga e Especialista em Dependências Tecnológicas. Atua há 15 anos como Psicoterapeuta de jovens e adultos e Orientadora de Pais e Educadores. Conta com mais de 10 mil horas de atendimento a clientes de mais de 10 países. É casada há mais de vinte anos e tem três filhos, dois deles biológicos que hoje são adolescentes – Artur e Henrique - e uma do coração, na verdade sua irmã Natália que tem Síndrome de Down, mas que é considerada como filha querida desde que passou aos seus cuidados. Seu principal foco de trabalho é ajudar a melhorar a saúde mental e emocional das pessoas na nova era digital.