Conheça o i-Doser, a nova droga que está fazendo a cabeça dos jovens

28/06/2022

Entenda os verdadeiros riscos da droga digital auditiva, o i-doser

O i-doser é considerada uma droga digital e vem sendo atualmente disseminada em vídeos nas redes sociais. Drogas digitais são nomes dados a sons disponíveis na internet que buscam simular o efeito de entorpecentes. Trata-se de imagens psicodélicas acompanhadas por som de batidas eletrônicas e zumbidos de alta frequência, que podem causar alucinações auditivas e comprometer a audição, inclusive causando a surdez.

São áudios elaborados com base em uma técnica antiga conhecida como binaural beats, descoberta no final do século XIX, cujas frequências e intensidades variadas fazem com que dois sons emitidos criem a sensação de percepção de um terceiro som.

Atualmente, são vendidos online em sites ou aplicativos, ou mesmo disponibilizados gratuitamente na internet. Em algumas plataformas de venda, eles são oferecidos como possibilitadores de efeitos de outras drogas no organismo como a maconha e seus preços variam de acordo com a potência da droga que representam.

Não são entorpecentes, mas sim mais um dos desafios perigosos da internet. Especialistas afirmam que esses áudios não trazem risco de dependência, mas recomendam cautela para não prejudicar a audição. Ainda faltam evidências científicas para descrever consequências do consumo desses sons no organismo. Mas, como são estimulantes cerebrais, podem causar alucinações auditivas em crianças e adolescentes que possuem alterações de personalidade ou transtornos de conduta, vivem fora da realidade com dissociações cognitivas-afetivas, surtos psicóticos e esquizofrenias ou em famílias disfuncionais.

Como o Brasil vem sendo apontado como um dos países de maior uso dessas batidas por adolescentes e jovens adultos, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou este mês uma nota de alerta sobre o tema diante do aumento da preocupação de famílias sobre o i-doser. A grande preocupação é com a estimulação auditiva exagerada que causa danos aos ouvidos de crianças e adolescentes. “A estimulação exagerada e contínua pode ocasionar a perda da neuroplasticidade e assim, afetar as conexões necessárias para o desenvolvimento cerebral e mental saudável”, aponta a nota de alerta da SBP.

Os médicos da SBP esclarecem que o nível de intensidade de ruído de fones de ouvido varia entre 60-70 decibéis e 110-120 decibéis. Entre crianças e adolescentes, o nível seguro de ruído é de até 70 decibéis. Quando o ruído é muito alto, estridente, agudo e constante, sujeitam o ouvinte a desenvolver desde um simples estado de neurotização passageira até lesões irreversíveis no aparelho auditivo. E crianças e adolescentes são sempre mais vulneráveis. Ouvir música com fones de ouvido (“headphones”, “i-phones”, “i-Pods” ou “headsets”) apropriados e confortáveis pode ser algo tranquilo, prazeroso e saudável, mas que pode se tornar prejudicial quando a frequência da onda sonora é exageradamente provocada para causar o atordoamento ou alucinação auditiva. “Os adolescentes são curiosos, impulsivos, desafiam limites, e mesmo percebendo riscos vão tentar ‘esticar’ seus limites corporais”, diz Dra. Evelyn Eisenstein, pediatra e coordenadora do Grupo de Trabalho Saúde Digital da SBP.

Quais os sinais para que pediatras, pais e educadores estejam alertas?

  • Quando as crianças e adolescentes começarem a perguntar “hein?”, “hã?” ou “o quê?”, ou se distraírem dos ruídos ao redor, ou tiverem dificuldades de perceber sons agudos como telefones e campainhas, pois as frequências altas são as primeiras a serem alteradas;
  • Se relatarem zumbidos, que são uma ilusão auditiva ou um som fantasma, produzidos na ausência de fonte externa geradora de som;
  • Se apresentarem outros sintomas não auditivos como: transtornos de comunicação, isolamento social, dificuldade de interação em nível familiar, no lazer, na escola, na vida social
  • Se tiverem alterações do sono causando irritabilidade e transtornos comportamentais de ansiedade, cansaço, dificuldades de concentração e atenção, alterações do humor, que são bastante frequentes no uso prolongado e excessivo das telas em geral.

Essa nova moda ressalta a necessidade de as famílias acompanharem mais de perto a vida digital dos filhos e o uso que fazem dos eletrônicos. Segundo a SBP, cada vez mais são necessários os alertas sobre os problemas de saúde e as repercussões que acontecem nas fases do crescimento e desenvolvimento devido ao uso precoce, excessivo e prolongado das telas por crianças e adolescentes. Sejam novos ou reciclados vídeos de desafios perigosos nas redes digitais, acabam por instigar a curiosidade, aumentar o número dos seguidores e compartilhamentos, inclusive piorando a dependência e o uso problemático das mídias interativas.

Segundo o artigo #70 do Estatuto da Criança e do Adolescente, é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos das crianças e adolescentes, assegurando sempre os direitos à Vida e à Saúde.

Então, continue se informando e cuidando!

Até a próxima!

Cuide-se bem, sempre!