Boas-vindas

Olá! Seja muito bem vinda(o) ao meu Blog!

Meu foco de trabalho é ajudar a melhorar sua saúde mental e emocional no contexto digital de forma cientificamente embasada. Somente através do autoconhecimento e do fortalecimento dos vínculos, por meio de uma comunicação clara, assertiva e segura, é possível se manter consciente e saudável para o desempenho de vários papéis em diferentes contextos, analógicos e digitais, sem se perder de quem se é de fato.

Então, meu objetivo é trazer a você as melhores informações e ferramentas emocionais para lidar com essa rápida mudança e evolução em que vivemos: a era digital.

Para começar, gostaria de te propor a seguinte pergunta: você conseguiria imaginar sua vida hoje sem internet ou sem seu celular? Bem difícil, não é?

A boa notícia é que isso não é necessário. Muito longe de demonizar a tecnologia ou qualquer outro conhecimento que, como Humanidade, construímos, temos que aproveitar e muito todos os benefícios que ela nos trouxe e que ainda nos trará. A facilidade de comunicação que temos com todas as pessoas, as infinitas possibilidades de conexão, os avanços nas áreas médica e de saúde que nos permitem viver mais e melhor, o maior entendimento do funcionamento do cosmos e da natureza, esses e tantos outros exemplos nos provam o quanto a tecnologia está aqui para nos ajudar.

Porém, como tudo o que existe nesse mundo, o exagero pode atrapalhar e exige alguns cuidados. Trago aqui outros questionamentos. Você já se viu “imerso” em seu celular e percebeu que gastou, no seu dia, mais tempo vendo notícias, vídeos ou redes sociais do que, por exemplo, lendo, estudando, até mesmo trabalhando ou se relacionando com as pessoas que ama? Já passou muitas horas seguidas jogando algum jogo ou maratonando séries em vez de organizar sua casa, cuidar de sua saúde física ou tratar de assuntos importantes e inacabados? Já percebeu como nossas crianças e adolescentes ficam vidrados, se deixarmos, e não conseguem largar das telas com facilidade?

A grande questão é: quais são as consequências do uso descontrolado de telas, de internet no geral, de jogos, de qualquer tipo de conteúdo digital que prende nossa atenção dessa forma? Infelizmente, parecem não ser boas.

Mesmo que não houvesse consequências para nossa saúde mental e emocional, só pelo fato de perdermos tempo de vida – nosso bem mais precioso, esse uso imoderado já seria muito ruim. Porém, além de jogarmos tempo fora, também há os efeitos nocivos ao funcionamento de nosso cérebro quando o uso é abusivo, podendo-se chegar à dependência tecnológica.

Dr. Cristiano Nabuco de Abreu (1), um de meus professores e sumidade mundial nessa área de estudos das Dependências Tecnológicas, traz em seu livro (2)“Dependência de internet em crianças e adolescentes” (Artmed) que o uso de mídias eletrônicas vem trazendo grandes impactos nas estruturas cerebrais, especialmente de crianças e adolescentes, mas também nas de adultos, podendo causar problemas no processamento cognitivo das informações. Processos como o de manter foco e atenção, a contemplação, conciliar o sono ou consolidar memórias podem ser prejudicados.

Vamos analisar o funcionamento de nossas Funções Executivas, localizadas em nosso córtex pré-frontal, que são um conjunto de processos mentais complexos e que nos diferenciam de outras espécies: nossas capacidades de adaptação, flexibilidade cognitiva e emocional, noção temporal, planejamento, julgamento de consequências de médio e longo prazo, memória de trabalho, resolução de problemas e controle de impulsos, entre muitas outras.

Como a a internet e as mídias digitais disponibilizam ininterruptamente um ambiente altamente estimulante e recompensador, acabam por intensificar algumas novas atividades cerebrais, como: as trocas rápidas de atenção ou falta de atenção (ser distraído da distração pela distração), o comportamento de escanear superficialmente o conteúdo, a leitura seletiva, o multitasking (fazer duas ou mais tarefas ao mesmo tempo), o descompasso na consolidação da memória, a alteração nos mecanismos neurais de autocontrole, além de várias outras. É certo que também estamos ganhando essas novas habilidades com os novos hábitos de processamento mental. Porém, o excesso de internet e de mídias digitais acabam comprometendo outras capacidades elementares de nossas Funções Executivas.

Uma das capacidades que podem ser perdidas com isso é a de aprendermos assuntos novos com profundidade. Segundo Dr. Cristiano, nosso pensamento de longo alcance e a assimilação de informações estão em risco, já que as novas habilidades que estamos ganhando para decodificar o mundo digital acabam diminuindo o funcionamento de nosso processamento cognitivo para essas outras funções tão importantes.

Essas consequências devem ser avaliadas no longo prazo, assim como as de cunho emocional. Aumentos de caso de transtornos depressivo e de ansiedade, de déficit de atenção, de hiperatividade, de automutilações e de tentativas de suicídio também, infelizmente, tanto de crianças e adolescentes como de adultos, estão sendo relacionados ao uso abusivo de telas em vários estudos. Quanto mais tempo nas telas, menos tempo temos para nossos relacionamentos significativos, para fortalecermos nossos vínculos conosco e com as pessoas que amamos. E isso sem falarmos dos problemas físicos acarretados pelo uso intenso de eletrônicos, como os oculares e de postura.

Enfim, atendendo a inúmeros casos assim nos últimos anos, tenho a plena consciência de que é preciso, além do tratamento necessário quando o diagnóstico de Dependência Tecnológica se faz presente, um amplo trabalho de prevenção e educação para nós, adultos, em relação a nós mesmos e em relação aos nossos jovens e crianças.

Eis a motivação para este Blog: trazer a você informações, reflexões, dicas e ferramentas para que possamos fazer bom uso da tecnologia e da internet, sempre a nosso favor e com muita saúde envolvida.

Até a próxima!
Cuide-se bem, sempre!

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Carina Roma é Psicóloga Clínica, Neuropsicóloga e Especialista em Dependências Tecnológicas. Atua há 15 anos como Psicoterapeuta de jovens e adultos e Orientadora de Pais e Educadores. Conta com mais de 10 mil horas de atendimento a clientes de mais de 10 países. É casada há mais de vinte anos e tem três filhos, dois deles biológicos que hoje são adolescentes – Artur e Henrique - e uma do coração, na verdade sua irmã Natália que tem Síndrome de Down, mas que é considerada como filha querida desde que passou aos seus cuidados. Seu principal foco de trabalho é ajudar a melhorar a saúde mental e emocional das pessoas na nova era digital.

(1) https://www.instagram.com/cristianonabuco

(2) https://www.amazon.com.br/Dependência-Internet-Crianças-Adolescentes-Tratamento